No papel brilhante miro os olhos
Duas pérolas negras reluzentes
se indagando:
o que faço por aqui?
No espelho sujo miro os olhos
aqueles mesmos olhos
da fotografia
me indagando:
o que ainda faço por aqui?
Não é um ainda de demora
de pressa para findar
é um ainda sem resposta
tantos anos sem resposta
aguardando o tempo passar
Por que ainda não chegou
a confirmação do incerto
se aqui permaneço
é porque meu lugar não está distante
se me questiono
é porque há vida
e há
tanta
a florescer pelos meus cabelos
pelo meu rosto jovem
-ainda
Corra Atrás das Nuvens
quinta-feira, 21 de julho de 2016
quinta-feira, 12 de maio de 2016
Folhas do jornal
Introspecção fatídica incorporada à saudade
Confesso e sinto
saudade de quem fui um dia
ainda existo eu em mim?
Meus dedos passando pelas folhas dos livros
incessantemente interessados
jazz ao fundo
um Coltrane para variar
um conhaque para fingir
porque sequer toco nele
Sabe, minha existente é um eterno
colocar a bebida ao lado e não bebê-la
é um eterno negar que se sente tanto
tanto ao ponto de chorar de tanto sentir
Fui esfriando com o passar do tempo
Onde eu me perdi, então?
Fui escondendo com o passar do tempo
e se eu pudesse, diria
- não se esconda
porque se perder acontece
Hoje eu choro menos
sinto menos, talvez
tenho medo do despertar
e despertar tão forte
que sentir será transbordar
e nada nem ninguém
poderá me recolher em líquido comportado
num pote, numa garrafa
não conseguirão me absorver
nas folhas de jornal
Confesso e sinto
saudade de quem fui um dia
ainda existo eu em mim?
Meus dedos passando pelas folhas dos livros
incessantemente interessados
jazz ao fundo
um Coltrane para variar
um conhaque para fingir
porque sequer toco nele
Sabe, minha existente é um eterno
colocar a bebida ao lado e não bebê-la
é um eterno negar que se sente tanto
tanto ao ponto de chorar de tanto sentir
Fui esfriando com o passar do tempo
Onde eu me perdi, então?
Fui escondendo com o passar do tempo
e se eu pudesse, diria
- não se esconda
porque se perder acontece
Hoje eu choro menos
sinto menos, talvez
tenho medo do despertar
e despertar tão forte
que sentir será transbordar
e nada nem ninguém
poderá me recolher em líquido comportado
num pote, numa garrafa
não conseguirão me absorver
nas folhas de jornal
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