domingo, 28 de novembro de 2010

My Heart Is Not An Empty Room.


  Realmente a vida é valiosa demais para deixá-la passar em branco. Trancar meu corpo em um quarto não faria com que minha mente ficasse presa também. Ela quer voar, quer conhecer o mundo, quer aprender tantas coisas que ainda não teve oportunidade de ser apresentada. Viver é o que mais quero no momento. O medo não vai mais impedir que tudo volte a ser maravilhoso como antes. Porque felicidade é uma opção.

sábado, 27 de novembro de 2010

This Is Not The Way It Used To Be, My Dear.

  


   Quando o calor diminuia, e todos buscavam algo para aquecer-lhes o cerne, Clarice ria para confortar-se. Não ria sozinha, sempre buscava proteção nos risos alheios também. Seu irmão, a quem tanto amava, sempre fazia parte de suas rodas de risadas intermináveis e gostosas. Ele não lidava muito bem com as palavras, tampouco sabia expressar sentimentos com gestos. Isso fazia com que muitas vezes deixasse de viver e de realizar seus maiores desejos. E sua maior vontade no momento era envolver quem mais amava nos braços, sem soltá-la jamais. Mas faltava-lhe coragem. Faltava atitude. Então Clarice resolveu aconselhá-lo:
  - Se quer mostrar que a ama e não possui palavras, pense com o coração. No meio da tarde, no horário menos esperado, ligue para dizer que está com saudades. Apareça no meio da semana na porta de sua casa e roube-lhe um beijo de tirar-lhe o fôlego. Compre uma rosa e diga que assim como ela, a rosa é simplesmente o símbolo da perfeição...E o fato de não ser um buquê mostra sua exclusividade, assim como ela. Leve-a para ver o por do Sol pelo menos duas vezes ao mês, ande de mãos dadas, não a solte jamais. Quando estiver na rua com os amigos, dê notícias – ela perceberá o quão importante é, mesmo quando estiver acompanhado. Não seja distraído, pois cada pequena mágoa se juntará, fazendo com que seu amor se desgaste aos poucos, até que suma. Escreva uma carta, fale tudo que pensa, até o que tem vergonha de revelar. Faça sacrifícios, mesmo que pareça impossível, com um jeito tudo será perfeito. Leve-a para jantar, abra a porta do carro, puxe a cadeira. Seja sutil, faça surpresas, pois o amor é assim mesmo: só se percebe aos poucos. E cuide dele como se guarda uma vida – pois um sentimento assim vale mais do que qualquer coisa no mundo.  Se é para amar, que ame direito. 

domingo, 14 de novembro de 2010

Believe in Life.


O dia estava lindo quando abri as janelas bem cedo. Gérberas rosas, vermelhas e amarelas tingiam meu dia com cores de começo. Pus meus chinelos e saí de casa, arrumando meus cabelos com os dedos, sem me preocupar em olhar-me no espelho. Tantas pessoas àquela hora, umas iam, outras vinham em minha direção, porém nenhuma dirigiu-me a palavra. Parei um tempo para sentar em um banco de madeira, ao lado de uma senhora miúda, que mexia nas próprias mãos, como se estivesse fazendo uma tarefa muito complicada. Achei engraçada a cena, ri baixinho. Ela me olhou com uma expressão apática, com olhos azuis serenos, cabelos pintados de louro-claro, de uma angelicalidade fora do comum. Deve ter sido bonita quando mais nova, penso. Ela respirou profundamente e perguntou-me o que eu fazia ali. Respondi-lhe que estava só de passagem, mas com um meneio sutil de sua cabeça negou minha resposta. Disse-me que eu estava sentada sem fazer nada, então não estava só de passagem. Achei interessante a observação, eu não estava realmente de passagem. Eu queria apenas sentir o cheiro de Sol no frio matinal. Engoliu a seco e questionou-me se eu era casada. Disse-lhe que não. Pois não acreditava que duas pessoas pudessem durar para sempre felizes, juntas, sem problemas. Ela retrucou que eu nunca havia amado de verdade, por isso dizia isso. Falou que quando encontramos o amor sabemos que ele será mais forte que qualquer problema, mais resistente que as estações. Fiquei sem ação, calando minha boca. Ela não cansava de perguntar, e dessa vez queria saber no que eu acreditava. Se eu acreditava em Deus, se eu acreditava em forças maiores, se eu acreditava no poder do Cosmos. Respondi-lhe com convicção de que eu acredito primeiramente em mim. Acredito na verdade, nas pessoas; no amor, na fidelidade, na perseverança, no esforço, na vontade. Acredito no Sol, no mar, na responsabilidade, na sabedoria, na inteligência, na beleza, nos beijos apaixonados. Dessa vez quem calou a voz foi a senhora, que ficou sem resposta, pois no fundo acreditava no mesmo que eu. Nas coisas possíveis, táteis. Não no sobrenatural, no que se é referido como "superior", no fantástico. Acreditamos na vida, ora. E agora pergunto eu a você: Com tanto que já temos ao redor, precisa de mais algo?

sábado, 13 de novembro de 2010

Leben Ist Wunderbar.

 
  Uma vez me perguntaram se era melhor que a melancia viesse com ou sem caroço. E naquele momento hesitei. É mais fácil comer quando não é preciso retirar um por um da boca que tem pressa. Da boca que tem sede, que tem desejo de comer algo naquele momento. E sei que isso se aplica em diversas situações, pois em alguns momentos quase que imploramos para que retirem previamente todos os caroços da vida. Mas sem eles, comer a vida seria algo usual, seria para alguns - e nisso me incluo - algo cansativo. Gosto de comer a vida de vez em quando, para sentir seu gosto de uma vez só. Gosto do gosto forte, concentrado e bem aproveitado. Nem que para isso alguns caroços tenham de ser engolidos. Não tenho medo de um possível engasgo, ou de que melancias brotem em meu interior - tenho medo é de temer a vida. Porque não viver mata por dentro, liquida os sonhos e metralha caroços em nossos caminhos mais difíceis. Viver supera qualquer empecilho, qualquer detalhe julgado como "insuportável". Ela nos faz crer no incrível. Ver o invisível. Faz respirar ares cinzentos, purificando cada inspiração. 

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Be Sweet.


  Engraçado como manter laços com outras pessoas pode ser facilmente comparado a cuidar de jardins. E não estou fazendo nenhuma observação que espante. Não é nenhuma novidade. Mas de fato faz sentido ter que regar duas vezes ao dia, sem esquecer delas, não deixá-las muito expostas ao Sol, e sequer deixá-las na penumbra. É óbvio que cada planta tem sua peculiaridade, sempre há exceções. Mas todas precisam de cuidados - assim como eu, assim como você. A diferença que esquecer de cuidar de um relacionamento um dia, pelo menos com um ser humano normal, não causará nenhum dano irreversível. Portanto, se os mesmos erros se tornarem constantes, a planta secará. E nada fará com que ela volte a ser o que era. Ela ficará tão seca quanto o deserto, não adiantará tentar regá-la de hora em hora, não adiantará comprar outra muda da mesma espécie...Porque não somos plantas. Não somos substituíveis. E o que passou sempre ficará na memória.