sábado, 29 de janeiro de 2011

Doce-mente.

Quando acordar vou querer sentir o calor do Sol nas minhas têmporas, vou sentir vontade de ouvir aquela música que sempre me fez dançar por dentro, e por algum motivo guardei-a na gaveta. Quando acordar vou querer ouvir o canto dos pássaros, minha voz, minhas vontades mais íntimas. Quando acordar, vou desejar um café bem quente e recém passado para jogar para bem longe resquícios da noite anterior. Quando dormir, vou querer que segures minhas mãos como se não estivéssemos lado a lado. Esquecerei das coisas que machucam a alma e prendem a mente. Que as delicadezas se façam presentes.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"Eu só sei que amei, que amei, que amei..."


Quando tudo parece maravilhoso, algo me surpreende, deixando meu sorriso estampado por mais e mais tempo. Sabemos o quão complicado é poder aproveitar o tempo juntas, mas também sabemos que a recompensa é irrefutavelmente linda. O cultivar de coisas simples é o que mais me impressiona, pois não precisamos de extravagâncias para dar certo. Vocês são minhas flores, são super queridas,  são parte da minha vida. E essas lembranças jamais esqueceremos, meus amores.  






quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Me perco.



  O sono veio e voltou, me poupou de sua companhia integral durante a noite. Mas hoje acordei com tanta liberdade, com tantas possibilidades, com tanta disposição que nenhum despertador precisou confirmar presença. Um campo recheado de pequenas flores com tons pastéis, com pássaros cantando, com cores, com tanta coisa que eu me perco em mim mesma. Eu me perco, eu me encontro, eu penso que sei das coisas. Me transformo, me perdoo. Te encontro em mim.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Palavras ao vento.

  Não sei ao certo o que sentir agora. Não me pergunte se tudo está bem, porque isso é relativo demais para mim. Só que mesmo rodeada de milhões de pessoas, ou milhões de paredes, até milhões de livros, muitas palavras, ainda me sinto só. O que me faz falta é o contato físico, é o reconhecimento por algo que no momento não consigo lembrar a razão;  suas palavras não me atingirão assim de longe, não funciono desse modo sempre. Ontem, talvez ontem eu estivesse propícia a sentir seu calor através da sua poesia, mas hoje não. Hoje preciso do calor de um abraço, de um gesto gentil, de um beijo de verdade, de apoio. Por hoje nenhuma palavra me fará sentir bem. Porque de palavras, já estou saturada...Apenas por hoje.




"Palavras apenas
 palavras pequenas
 Palavras, momentos."

domingo, 23 de janeiro de 2011

Remando contra a prosa.


Preciso de um calor super humano para levantar e deixar esse costume não rotineiro de lado, isso até me assusta. Gosto de sentir o vento correndo ao meu encontro, gosto de temer o medo e gosto ainda mais quando me dizem que isso é besteira, que vai passar. E passa. Acredite, muita coisa passa, mas engana-se quem diz que tudo é assim, que tudo acaba. Passa só se eu quiser. Se os fatos mudarem todo o rumo da prosa e for esquecida em um vão indeterminado, vou levantar e recolher minha face. Recolher sim, não é errado. Mas eu agradeço às consequências que me tiraram de casa e limparam meus ferimentos. Eles se foram, e foi tão importante deixar tudo para trás. Adeus, lembranças. Delas já nem esqueço, sequer as conheci. O que se foi vai ficar bem longe, quero distância desses fatos determinados por mim mesma. Quero distâncias das coisas que perdi, das coisas que nunca tive.Tudo mudou, me esqueci. Tudo está melhor, eu descobri. Descobri aquele nexo que nunca encontrei.  

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Deixa pintar o entardecer.

 
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Esse frescor, essa saudade que esquenta, esse sorriso branco e renovado. Senta aqui do meu lado, fica até mais tarde, esquece os teus compromissos que já joguei os meus pela janela do terceiro andar. Toma um café bem forte, desliga meu celular e deixa a brisa de fim de tarde passar pelos meus cabelos. Deita no chão ao meu lado e conversa comigo até perdermos o controle da hora. Vem almoçar, até jantar, respira fundo e mergulha comigo nessa vida tão rápida e tão gostosa. Deixa de lado as complicações e respira o mesmo ar que eu mais uma vez. Deixa que eu suba nos teus pés e roda comigo até ficarmos tontos e cansados. Agora dorme, meu bem, e deixa que o sono te leve pra perto de mim outra vez. 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Das lembranças.

                                
  Me traduz em madrigais, te traduzo em serestas de fim de tarde. 
  Te respiro, vivo por prolixidade de começo de dia
  Quero vagalhões bem longe daqui, meu bem
  pra poder deitar ao teu lado e conversar até a madrugada cair
  quero subir nas nuvens e dedilhar raios feito harpas celestes
  sinto-me viva, respiro esse ar puro campestre
  meu rosto enrubesce ao ver teu surgir atrás da porta
  se não tenho tudo aqui, o que importa?
  vou despedir dos medos, dos adesismos, das prepotências
  vem ao meu encontro hoje com essa tua suavidade
  seu jeito brando, olhos espumosos, suas vestes feitas de fumaça quente
  teu calor calmo, teus braços que sustentam minha vida
  tua reunião interna que protege meu ser
  se viver não é isso, prefiro não ter
  o sabor de guardar as lembranças para mim.
  
  

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Amou daquela vez como se fosse a última.



  Tirou o cigarro da boca, jogou pela janela do décimo terceiro andar e procurou pela camisa do namorado que ia até a metade de suas coxas. Comeu uma fruta, bebeu água gelada, molhando grande extensão da roupa, deixando-a parcialmente transparente. Mal dormira aquela noite devido ao barulho alto que vinha do apartamento de cima, eram batidas compassadas e com ritmo de samba - lembrava o barulho de um coração que morria de amor, coração melancólico batendo. Dois dias e sua resistência e sua resiliência foram para bem longe, nem uma mula aguentaria tantas noites viradas -além disso, uma mula não trabalhava, e seu trabalho parara na metade. Subiu para tirar satisfações e resgatar seu sono, sustentar seus sonhos, ficar em paz como antes ficava. Subiu as escadas, a garrafa de cerveja importada na mão, os passos pesados e decididos. A porta a poucos centímetros agora dava lugar a uma imagem de despertar fantasias ocultas, tão esquecidas que titubeou. Se a vida era arriscar, arriscaria. Se aquilo seria amar, amaria. Se precisasse se entregar, daria sua alma e mergulharia no oceano de seus devaneios, ínfimo como uma formiga, infinito como o Cosmos que os cercava. Um olhar, aproximou. O calor lhe calou e calou de verdade. Um beijo como realidade. Explosões, uma ilusão, um defeito, aproximação e luz. Construção.


"Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único"

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Olhos brandos.

      
 Chega de pragmatismo, quero continuar com esse amor retinto, com cheiro de tinta fresca e brisa de fim de tarde. Ah, vou me espreguiçar e olhar para cima assim que acordar, tomar café bem fraco, só para me proteger do sono. Não quero ser o restolho; o resto amargo e queimado pelo Sol de todas as manhãs. Me renovo, me solto, me prendo e sei quem sou agora. Vou parar e me satisfazer com as nuvens que hoje não virão, vou me alimentar do seu sorriso e dos seus beijos, vou me fazer em desespero, só para voltar ao normal e me sentir em casa. Quero casa limpa, olhos brandos, banho tomado, voz macia e comida na mesa. Quero amar, quero beijos infinitos, quero respirar nossos sonhos. Te quero. Te gosto. Te amo. Agora deixe minha música tocar e cante comigo mais uma vez, até que ela se torne eterna, e nós, risadas reverberantes.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O concreto queima, quero o abstrato.


     Chega desse prazer claustrofóbico, do dinheiro mal gasto, do tempo mal investido. Tirei a calça jeans, os acentos das palavras, o celular desliguei, as vontades  incentivei. A sensação de não estar sendo vigiada é deliciosa, e a vontade de respirar um ar parcialmente puro (dentro do possível), é revigorante. Suas mãos nas minhas, meus pés na terra, minha mente no céu...Sem o concreto, quero o abstrato, quero fugir da cidade e das suas nuvens que me puxam para o cinza. Quero o branco, quero a água, quero paz.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sobre sonhos.

  
        
  Enquanto olhava para o céu lotado de estrelas que brilhavam no escuro, Clarice conversava com sua mãe, que fazia pequenas e frouxas tranças em seus cabelos, sem prestar muita atenção. Ouviu-se um estrondo altíssimo, e automaticamente sua mãe, Alva, puxou uma mecha com um pouco de força, fazendo com que a pequenina garota desse um resmungo de descontentamento. Entre risadas e reclamações, a mãe lhe questionou sobre seus sonhos, e espertamente a menina, como se buscasse as palavras flutuando no ar, retrucou:


  - De sonhos, nada sei. Sei do que é possível no momento, não planejo, apenas vejo, e sinto o que está ao meu alcance. Não que os sonhos sejam bobeiras, mas de tanto sonhar eu deixo de me empenhar em realizá-los, e aí está o equívoco. Mas mamãe, não seja radical e não desista de tentar. Só não se prenda à imaginação sem propósitos todo o tempo. Viva.

    Espantada e surpresa com a resposta de uma criança de apenas sete anos, a mãe, orgulhosa, retirou-se do quarto e respirou fundo de satisfação. Admirou as estrelas novamente e pensou. Dormiu com a certeza de ter feito seu trabalho por aquela noite.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Cheia de Cor.



 Não se busca inspiração, e repito isso cada vez que tento buscá-la. Não há  como procurá-la, ela irá até o ponto marcado, embora não goste de respeitar horários, muito menos pessoas. Inspiração não aceita subornos visuais, sequer feitiçarias que aguçam outros sentidos - embora não seja impossível encontrá-la tentando. O que quero dizer é: quando menos se prepara, como um amor de verdade, chega bem devagar e contagia sua alma, percorre seu corpo, preenche seus pulmões, faz seus olhos tilintarem . Não é magia, embora seja mágica. Sua duração precisa de estímulos. Cuide da inspiração diariamente, cuide da mente, do que sente, mas não a pressione. Sinta-se livre. Deixe-a livre.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Meu sangue errou de veia mas não se perdeu.

"Como, se na desordem do armário embutido
meu paletó enlaça o teu vestido
e meu sapato inda pisa no teu."



  Gosto da confusão da cama bagunçada, desses embaraços, da porta encostada, do silêncio calmo, da tua voz sutil. Gosto do seu cheiro de banho tomado, do meu jeito agitado, quando estou longe de ti. Sei que se o tempo parasse e ainda passasse, lembraria do Sol. Sei que a vida é correria, e o dia respira ares de paixão. Mas antes que a Lua desça, não quero que esqueça da minha mão encostada na tua. Parece clichê, mas quero ter você na chuva, até mesmo na rua.