quarta-feira, 27 de julho de 2011

Dos lençóis gelados, das estradas verdes

 

De longe pareço tão confusa, tão complicada. Por dentro, sou tão simples quanto uma criança que se alegra com as coisas mais banais. O cheiro de canela misturando ao açúcar e às bananas no forno, o cheiro de roupa recém lavada, do quarto limpo e fresco, da chuva fina misturando à terra. O gosto delicado do pêssego, o toque sutil das nossas mãos quando se esbarram , o cheiro do seu pescoço quando acaba de sair do banho. Gosto das duas da tarde, quando o Sol cor de caramelo invade minha janela, bate em minha pele e me aquece sutilmente, sem falar no que sinto quando me deito na cama, me cubro, munida de uma boa xícara de café ao lado, e leio por longas e deliciosas horas, até cair no sono sem hora para acordar. Me aqueço também quando penso em viajar pelas estradas mais verdes, com aquele vento batendo em meu rosto, ouvindo Death Cab For Cutie com um dos fones de ouvido, e esperando ansiosamente para chegar logo ao apartamento repleto de memórias e lençóis gelados e aconchegantes. Gosto daquele sofá antigo, de andar de mãos dadas com você pelas ruas de lá, de ir às lojas olhar, de imaginar como seria minha vida só contigo. Ao final de tudo, meus sonhos e minhas satisfações têm seu toque no meio, e seria mentira dizer o contrário. Você torna minha vida assim: simples, deliciosa e nada efêmera. 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Descarto a solidão



 Aqui, quando a noite chega sorrateiramente, as vozes ficam tão sutis que é preciso mover os lábios com destreza até ser possível lê-lo com os olhos atentos. As luzes aqui, à meia noite, ficam deslumbrantes e febris, exalando uma atmosfera graciosa, e uma música ao fundo traz saudade. Esqueçamos as diferenças de década, e aproveitemos a companhia de quem nos rodeia, porque a melhor conversa às vezes nasce do momento menos esperado, e a melhor distração vem do abstrato, da despreocupação inusitada, do suspiro pautado, dos gestos das mãos abertas, prontas para absorver toda a qualidade das palavras, mesmo que depois descarte o que não lhe foi útil. A melhor frase algumas vezes surge de um livro aparentemente enterrado no meio de tantos outros, resgatado e logo devorado, na espera de uma esperança para aplacar a solidão incessante. Solidão é opção, porque conversa boa se encontra até na praça, o que não garante uma volta para casa acompanhada. Basta deixar a mente aberta, deixar fluir os sentimentos, experimentar confessar o inconfessável, testar respirar de uma maneira diferente, deixar alguém saber dos seus segredos, porque isso gera uma confidência, uma intimidade tão linda, que faz com que você se orgulhe mais tarde. Eu tento isso quase todos os dias, é quase uma terapia, porque ser egoísta e deixar as sensações para si é tão errado, tão errado que dói. Dói durante, depois e além. Não me permito mais sentir aquele sentimento de caminhar sozinha, porque me fazia tão mal. O que não significa que eu vá esquecer que sim, minha vida terá momentos tristes, e talvez até solitários, mas as coisas fluem de uma hora para a outra, e a vida toma forma tão inesperadamente que mal dá tempo de uma lágrima cair. 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Renovar

Quero cuidar do meu ser lotado de sonhos. Quero começar por fora, quero pintar minha imagem aos poucos, para que o brilho se espalhe para dentro. Preciso renovar por fora, para manter ou melhorar o que sou. Quero me orgulhar antes de todos, pois sei no que tenho dificuldade. Melhorando agora, serei capaz de cuidar de ti, de cuidar mais ainda de nós. Eu quero mudanças repentinas para progredir, desejo uma limpeza interior, para jogar fora tudo que não serve, todas as coisas supérfluas. E a limpeza -e não purificação- começará logo. E meu sorriso de paz será ainda maior. Ainda mais profundo.

domingo, 17 de julho de 2011

As perdas, os medos

 Sei que me arrisco, e que segundo você devo continuar a me arriscar. É que parece tão abstrato, mesmo que nossos corpos fiquem concretos. Porque é verdade, quando um amor é perdido, é como se perdesse um órgão, como se deixasse de lado a vivacidade. O que não significa que a morte se aproxima com a perda dele, mas a vida se arrasta, e eu temo a perda. Eu temo a falta, a ausência mal resolvida, o vazio que nunca teria fim. 
  É, por mais que eu tente me permitir, algo me segura. Eu me seguro, porque me apeguei ao seu carinho, e agora já não tem mais volta. Agora que notei isso, vou me permitir integralmente, de corpo, de mente, serei sua.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Singelo, essencial

Há tempos não me sentia da maneira que hoje senti.A rua, as cores, o céu...Meu brilho, o cheiro da vida, o Sol envolvendo minha pele. Como senti falta disso, como pedi ao meu corpo, à minha mente, para que me sentisse assim.
Eu estava só, mas o vento veio e me beijou da mesma forma que acaricia as folhas das árvores que ficam em meu caminho.
Agora minha respiração é lenta e em gradativo processo de alegria.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Descanso

É o terceiro dia sem pôr o nariz para fora de casa, e isso me incomoda tanto. Por mais que eu precise, me sinto impotente por não pegar minhas forças, juntar e sair para fazer o que deve ser feito. Me aliviaria saber que dentro de casa pelo menos faço o que deveria ser feito, mas minha mente não permite; ela quer descanso, entretenimento - coisa que ela merecia.
Agora o que me resta é tomar um banho morno e pensar sobre as coisas que eu tenho deixado de lado. Resta pensar em mim. Creio que foi por isso que meu corpo pediu recesso.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Faltas

Sei que tudo isso não passa de cansaço mental, mas sem que esse ano acabe, não terei como eliminar isso que me atormenta, isso que descarrega minha bateria, que afoga minha criatividade. Aliás, criatividade agora não passa de um espectro para mim, pois a minha viajou e sequer deixou lembranças...Sei que ela voltará,embora mais do que nunca eu não tenha paciência de esperar.
Falta tudo: esperança,paciência, paz, memória...Só me resta o amor. Quem sabe ele me ajuda a enfrentar tudo de olhos bem abertos, como de praxe?

domingo, 3 de julho de 2011

Obstáculo justificado

Não existo para sorrir forçadamente, para jogar as tristezas debaixo da lama... Sequer sei para que existo, para onde vou, a razão de enfrentar certos obstáculos.Talvez fosse mais simples se eles não existissem, mas sem eles não haveria seu apoio, seu ombro adaptado às minhas mais inesgotáveis e pesadas lágrimas. Não queria passar por tudo isso, mas preciso ter suas mãos sobre minha tez, para que se tornem apenas uma, e só.