segunda-feira, 28 de março de 2011

Sinônimo e antítese

  Estou em busca das coisas mais simples a cada dia que passa. Não me preocupo com extravagâncias, pois elas desaparecem tão rapidamente, e me tocam tão pouco. Eu quero respirar, sorrir, deixar o vento brincar com meus cabelos sorrateiramente; quero deixar transparecer minha felicidade sem ter medo de aparentar o que no fundo não sou, porque felicidade é algo verdadeiro demais para se esconder. Quero martelar paradigmas infiltrados em minha mente, quero quebrar as barreiras rígidas em inflexíveis de concreto que me isolam das flores, dos amores, das alegrias e recompensas internas. Quero olhar para o horizonte e tocar, sentir o gosto, cheirar meus dias que virão...Volto a ser quem sou agora, e inspiro minha própria decisão de não desistir. Vou esquecer das palavras grandiloquentes, das pedras no sapato, das portas trancadas pelo caminho. Preciso viver, e não só existir. Palavras que antes eram vistas como sinônimos, agora tornam-se a mais cruel das antíteses. 

quarta-feira, 23 de março de 2011

Das desilusões

  E agora, logo agora um turbilhão de incertezas me rodeia. De que vale saber onde nasci, onde estou, o que passou, se sequer tenho conhecimento pleno de quem convivo? Cada dia que passa a incerteza se afirma, e certezas, súplicas disfarçadas tomam conta do grito que viria se fosse em outra época. 
  Enganou-se quem por segundos pensou em ver um pingo de fraqueza em meus ossos, uma hesitação em minha boca, quem preocupa-se com meu estado no dia de amanhã. Não quero cartas, heranças, beijos para cobrir as lágrimas que já não caem e sequer cairão de meus olhos. Quero distância de mentes que duvidam de sua própria cria, de comparações mal feitas, de afagos para evitar tragédias. Quero apenas a verdade, sem embalagem, caindo na porta de casa.

terça-feira, 22 de março de 2011

Intemperismo lexical

 Irremediável e perceptível, assim se encontrava. Suas palavras fortes e oprimidas agora saem pela chaminé da casa mal arrumada. Guarda-se cada vez mais para si, e para quem acredita merecer suas palavras agora tão escassas. Inerte, cada vez mais forte, se prepara para enfrentar as batidas mais contínuas, e joga suas palavras para debaixo do tapete, corroendo-o com o passar do tempo. 
  Ela guarda as palavras torpes para o café da manhã, e degusta a acidez das que não foram ditas à tarde. E essas são as mesma palavras que corroem seu âmago dia após dia, que desfazem seus tapete de ilusões, sem que uma súplica seja escutada. Seus pés se colam no chão a cada segundo. Suas mãos flutuam sem saber para onde ir.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Customizar a psiquê.

  É divertido perceber como as coisas tomam determinados rumos, alguns pouco esperados. Seria um tanto hipócrita dizer que todos os rumos são os melhores, mas ultimamente as prosas têm se tornado mais prazerosas do que o previsto. Quando bate o desespero, e não há mais meios humanos de procurar ar puro para respirar, recorro ao ínfimos prazeres que me restam. É uma fuga da realidade que se busca nela mesma, é transitar por caminhos já conhecidos, e repeti-los cada vez mais. Não tenho medo de manter a mesma forma, desde que de ponta-cabeça. É a maneira mais convencional de enganar-se e acreditar ter mudado, sem ter alterado a essência .
  Algumas vezes é preciso usar meios banais e ignorar conscientemente as situações caóticas. Uns chamam isso de ignorância. Discordo e chamo de customização da psiquê.  Considero a melhor e mais atraente forma de ignorar os defeitos, pois não é permanente. É só desfazer a costura que tudo volta ao normal, mesmo que com pequenos e quase imperceptíveis furos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Das surpresas

  
  Hoje você veio, e usufruiu de toda a paz que estava guardada dentro de mim. Vestiu em mim meu melhor sorriso e ele ficou como segunda camada da minha pele, brilhando como meus olhos ao te ver chegar perto. 
  Você veio, e tirou aquela sensação de dia perdido, de saudade contorcida, de corpo frio. Sua vinda me surpreendeu, deixou minha mente tão livre e despreocupada. Só você tem essa magia, essa sutileza para chegar aos poucos e mergulhar em meus devaneios.

O que não aconteceu.


 Que pena que você não veio. Estou tão flexível hoje. Meu pés quase não tocam o chão, estou recarregada até não poder mais. Uma pena, mas pena mesmo. Porque hoje eu poderia te fazer sorrir sem esforços, eu poderia rir também, e contar as estrelas escondidas no vão da escada, eu poderia conversar sobre tudo sem tentar impor meu ponto de vista, eu poderia tanto. Mas o dia de hoje vai ficar para trás. Eu tinha tantos planos, e todos eles ficarão jogados no futuro do pretérito...Simples.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Aquece.


O dia de hoje tem cara de café na cama, de flores escondidas pela casa, de bilhetes agradavelmente deixados nos bolsos do casaco recém usado. O dia tem cheiro de chalé de madeira, de grama brilhando por culpa do orvalho, de bolo de fubá recém saído do forno. O dia tem desenho de vida, tem gosto de alegria, tem culpa de uma saudade que não fugirá. Meu dia tem voz, daquelas bem baixinhas, quase como um sussurro do vento. Sussurro que se despede das lágrimas e faz com que brote conforto.

terça-feira, 1 de março de 2011

Amanhã tudo volta ao normal.



"Carnaval - sm.- 1. período de três dias anteriores à quarta feira de cinzas, marcados por desfiles e bailes populares. 2. conjunto de festejos desses dias. 3.infrm.alegria coletiva; folia."



   Não há quem não espere pelo carnaval ansiosamente. E não é para menos. Para alguns mais soltos, o carnaval significa: pleno exercício da libertinagem; é fato que muitos usam a desculpa de que "é carnaval" para preencher os olhos - e as mãos, a pele, a respiração - de atitudes que são criticadas ao longo do ano todo, pela mesma boca que conhece a cidade inteira em um dia só. Para outros - e nesse caso, me encaixo- , significa dia de acordar e conseguir ler o jornal do dia, escutar Chico Buarque na cama, sentindo o quarto ainda fresco e com cheiro de boa noite, tomar café na rua, andar de mãos dadas dentro de casa, ler um livro só para relaxar, ficar em paz comigo - o que não significa folia o dia inteiro, o fato de ser carnaval não me ilude, só me atrasaria deixar tudo para depois da quarta- feira de cinzas. Não queria generalizar e separar em dois grupos; mas já que o fiz, não me importo. Depois do carnaval não irão mais lembrar de meu nome, de meu telefone, de minhas cartas que ficarão na memória. Pois serei o que sou agora, sem ilusões, sem máscaras, sem bipolaridade transcendente. Carnaval é dia de diversão, mas que fique bem claro que cada qual escolhe o que mais lhe apetece. E minha alegria é acordar e olhar para o lado e ver que ele não está vazio...Nem ficará.