segunda-feira, 4 de agosto de 2014

 Não acredito em amor, mas na dor. Não pretendo aqui exaltá-la e elevá-la à sua última potência, e antes que eu pise em falso desfilo um sorriso melancólico no rosto...meu sorriso vago se perde no horizonte de olhos atentos e mergulha no nada de ninguém. Eu gargalho da desgraça, cuspo no chão de memórias e me inflo de abandono ao mirar um rosto qualquer, que nada mais é do que um rosto qualquer. Sou o descuido e gosto dele. Gosto da inquietude de querer arrumar e nada realizar, aquela bola de neve interna que se mescla aos desejos e afunda no abismo desse âmago despetalado e agora tão longe levado pelo vento de inverno. Eu choro o dia inteiro sem lágrimas nos olhos. Minhas lágrimas invisíveis queimam as maçãs do rosto, descem para a boca e me lambem incessantemente quase como se gritassem "Me aceite!". Mas eu aceito perder o controle, só não gosto de ver no que me transformo. Permitir sempre foi minha escolha mais difícil.