segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

À noite.





  Insensatez que me rodeia durante a noite, escondida entre os lençóis de um quarto mal acabado, eu me questiono. Abaixo a cabeça e despenco para o lado. Abraço minhas pernas e com um ricto involuntário me desfaço dos temores - e dos tremores. Gargarejo palavras mal entendidas e respiro fundo com vontade. Basta uma brisa fresca atravessar a sala que sinto intensos calafrios e me revolto. Desenrolo a camisa passada a vapor e sinto seu cheiro em minhas mãos, embora não tenhas passado perfume algum. Me castigo com lembranças de um passado recente, despertando vontades que já me pertecem há algum tempo, e então fecho meus olhos colocando as mãos entrelaçadas em meu colo. Ficar em casa não me traz paz, então saio pelas ruas sem rumo, no escuro, buscando entre o vento minhas origens. Eu volto a ser o que nunca fui. E fui então o que deixo de ser.

But I'm Not The Only One.

Em alguns momentos eu simplesmente paro e penso no meu futuro com tanta proximidade, e assim sinto coisas tão gostosas que até dá medo de esperar demais. Tento não ser afobada com isso, mas modéstia não faz parte dos meus planos. O que não significa que eu vá me desesperar se não tiver um carro importado na garagem. Também não vou ligar se não tiver uma garagem a princípio, desde que eu tenha uma casa. Quero momentos felizes e felicidade não momentânea, quero sorrisos, quero apoio, quero apoiar. E eu sonho tanto, visualizo, imagino momentos com tanta força que me perco nos pensamentos e algumas vezes esqueço do que estava fazendo. Provavelmente alguém já ficou me olhando com cara de espanto em lojas de decoração, ou até mesmo em frente a um monte de panelas. Eu fico apaixonada, deslumbrada, querendo comprar tudo e guardar até o dia que eu realmente precisar, só para de vez em quando ficar olhando as caixas no meu quarto e pensando mais e mais. De cada momento já tenho imagens congeladas em minha mente, embora eu tenha plena noção de que as coisas nem sempre sairão como eu espero - podem ser até melhores- , se assim for possível. Confesso, tenho pressa. Pressa de saber como as coisas serão daqui a algum tempo...Como uma criança ansiosa para abrir os presentes na noite de Natal, me sinto assim. E uma das minhas metas para o próximo ano é deixar que as coisas aconteçam sem correria. Cada peça em seu lugar, cada momento bem aproveitado, sem pensar no que vem depois. Que venha cada dia mais surpresas, que meus pensamentos sejam fortes o suficiente para se tornarem reais. Que as pessoas que importam se mantenham ao meu lado, firmes e com coragem de sobra. Mais do que nunca preciso de todos vocês aqui perto. Preciso de verdade, de perseverança. 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

No Fear.



  Hoje deixei o Sol entrar pela janela do quarto e invadir com rapidez o cômodo branco. Não era dia, mas seus raios iluminaram tanto que por momentos dificultaram a visão. Respirei fundo e pus os fones nos ouvidos, deixando que a melodia e meu corpo se tornassem um só. Já não pertenço mais ao meu corpo; já me libertei dele e agora vago com minha mente por todo o Universo. Vejo as constelações tão de perto... Me vejo dormindo e vôo livre para o lugar que me sentir mais à vontade. Agora sim sei que estou viva.



sábado, 18 de dezembro de 2010

Feel The Rain On Your Skin.


  Algumas vezes sinto que tudo é mais simples do que aparenta ser. Talvez porque, em algumas situações, ainda não me coloquei bem no topo, para que possa ver tudo menor do que realmente vejo agora. Mas é exatamente esse o problema: ver tudo menor. Não quero deixar de perceber as coisas simples e me encantar com elas. O objetivo agora é saber separar as situações, saber distingui-las, para que não seja tão aparentemente complicado alcançar metas. Para isso acontecer, preciso de energia. Preciso me livrar de algumas correntes e correr atrás das nuvens.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Fire.





Quero que flocos caiam
preencham minhas mãos vazias
meus jogos estapafúrdios
meus sonhos intrínsecos
meu ricto sem paz 


Quero que estrelas desçam
salpiquem meu vestido de pontos brilhantes
quero sorrisos constantes
onde nada poderia apagar
esse incessável desejo de estar


Quero que preenchas minha noite vazia
cale esse frio que cobre minhas vestes
nada me apetece
nem o calor que me aquece
nessa noite turbulenta


Sei que de nada adiantaria
fazer mil poesias
entoar cânticos profundos
sei que nada nesse mundo
faria mudar essa essência
irrefutavelmente minha
irremediavelmente sua. 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

SCREAM!


O que salva agora é saber que as pessoas ainda têm coragem de mostrar o que sentem. Não têm medo dar a cara a tapa, de botar a boca no mundo, de gritar e dar a oportunidade para que alguém escute - e até discorde. Pouco importa se é um grito de saudade, uma súplica inaudível, um riso gostoso e fresco de felicidade, uma declaração inconveniente...A expressão nos foi dada, seja na face, seja no peito, seja nas mãos, nos olhos, na boca. É um desperdício calar a voz do corpo, essa voz que não quer ser calada. Viver e não relatar é egoísmo. Divida suas experiências... Mesmo que ninguém pareça escutar, não diminua o tom de voz. Mesmo que queiram tirar-lhe a voz, libertem-se das mordaças.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

There Is A Light That Never Goes Out.


Tenho medo do que é perfeito. Proporções devidamente simétricas, medidas pensadas, detalhes revirados até que ficassem uniformes como uma camada fina de seda esticada. Perfeição me remete à vazio; a desejos superficiais consumados. Não satisfaz, é finita. A perfeição só possui uma dimensão. Não é como uma nuvem, macia e delicada. Não é possível tocá-la, pois não aceita. Porém, a nuvem admira que sua face de algodão seja acariciada, não agradece, mas também não reclama.  
   Foi assim que percebi o quão importante e aconchegante é saber que o mundo não é perfeito. Com suas curvas e linhas quebradas, com suas gotas irregulares, suas mãos desproporcionais. O imperfeito me atrai. E gosto do que sinto quando vejo uma onda quebrando no meio da cidade. E de quando uma regra é quebrada.   
  

Look At Me, Sweetheart.


Você me olhou e perguntou o que havia acontecido. Disse que meus olhos brilhavam. Mas não era o brilho de uma lágrima. O que acontece é que por dentro explodo quando suas mãos encostam nas minhas. Minhas vontades crepitam e se espalham como orvalho durante a madrugada, molhando aos poucos todas as plantas ao meu redor. Quando fixo minha mente em seus olhos entendo o por quê de te querer cada dia mais. 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Somebody Told Me.


Por dentro tudo está aceso. Eu me acendo mais a cada dia, não tenho temor de curto circuito. Me circulo enquanto o dia nasce retangular. Adaptando tudo se arruma. Um dia dá certo. 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ich will Jeden Herzschlag kontrollieren.



A mente que controla o corpo, que controla a boca, que controla o cerne, que grita silenciosamente para todo o mundo ouvir, é a mesma que esquece de permanecer intacta até o amanhecer. Mas quem sou eu para reclamar, quando se trata do meu próprio controle - ou falta dele? Isso não me comove, porque nunca é tarde demais para manter a boca fechada, evitando que incidentes desnecessários ocorram. Porém, ainda me resta a opinião. E ela não muda, mesmo que o som não seja emitido.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

If U Want To Get Out Alive, Run For Your Life.


  Hoje eu sinto, e é mais forte que meu próprio corpo, mais ágil que minha mente. Eu corro contra o vento forte, mas não hesito um segundo, porque o tempo corre também. Cheguei a pensar que o mundo pararia por minha causa, que tudo se arrumaria logo, mas não é bem isso que ocorre. Algumas vezes ouvi que tudo se acertaria em breve, mas existe algo no ar que providenciará um momento de paz após a tempestade? Não, não existe um empregado do tempo. E não há como evitar que as coisas fiquem ruins sem que alguma providência seja tomada por nós mesmos. Afinal, não há ninguém além de quem passa por momentos ruins que queira tanto a volta da calmaria. O diferencial é que uns lutam pelo que querem, uns ficam parados esperando o mundo dar a volta e parar aos seus pés. 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Let The Flames Begin.



Acordo e olho para o lado, as cortinas brancas mesclando-se ao laranja acinzentado das labaredas que lhe consomem. As prateleiras, que antes estavam recheadas de livros, estão tão acesas e quentes como me encontro por dentro. O cheiro acre e poluído faz com que o quarto pareça uma torre medieval, onde tantos segredos já foram guardados. Três batidas na porta, três sussurros tão serenos quanto um sorriso despreocupado. As chamas me abraçam com força, engolem-me em poucos segundos, o que parece uma eternidade. O último suspiro é esperançoso.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Reaching The Sky.


É tão sutil o sentimento de conseguir atingir o ponto certo. Ainda mais depois de tanto tentar, após tanto resistir e esperar com todas as forças realizar o que queria...Conseguir algo importante para mim é como retomar o fôlego depois de alguns segundos prendendo a respiração. A sensação de alívio é a mesma, a vontade de respirar cada vez mais também não muda.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

(Des)encontros Internos.



Quando me perco em meus próprios pensamentos, encontro meu verdadeiro eu. Em uma mistura de sorrisos, de desencontros, de soluções internas. Se a verdade é real, pouco me importa agora. O que posso esperar é minha própria essência. E isso é uma certeza tão incerta quanto o dia de amanhã.