quarta-feira, 11 de abril de 2012

Flores na janela

 Acordei com vontade de mudar, de ficar mais leve, de aproveitar cada minutinho, de botar uma roupa e sair, de cortar o cabelo, de fazer o que quero, de ler um livro horas e horas apenas sendo interrompida pela vontade imensurável de comer um pedaço bem generoso de bolo de laranja com chocolate. Sem frescuras, apenas pegar as coisas e sair. De chinelo nos pés, sem bolsa no ombro, com uma caneta entre os dedos para escrever pouco a pouco, dia após dia, o que eu quiser ser. Respiração calma, flores na janela, livro na mão, sorriso constante. Eu quero é isso. Quero as suas, nosssas levezas nesse mundo tão cinzento, tão meu.

sábado, 7 de abril de 2012

Woeser ,Tibet e propósitos que não tenho

 Hoje eu estava lendo uma reportagem no jornal sobre uma escritora tibetana chamada Woeser. Embora tenha nascido no Tibet, não fala tibetano, mas mandarim. Ela defende a libertação do Tibet, critica a atuação do governo chinês sobre o local, e é contra a imolação praticada por alguns monges "revolucionários" - para ela, a única maneira do Tibet se libertar das garras chinesas seria com o apoio dos tibetanos vivos. Ganhou há pouco o Prêmio Príncipe Claus por causa de seu blog (http://woeser.middle-way.net/) e por suas poesias e romances. Aí eu parei para refletir sobre os motivos que a impulsionaram e a fizeram escrever - para relatar o que acontecia, para expressar o que a aborrecia, e porque ela acredita que um dia tudo isso que é escrito poderá fazer alguma diferença na vida dos que sofrem. Ela tem propósitos nobres, e eu não. Não escrevo porque sofro ou sofri na minha infância, não tive traumas, sequer queixas pertinentes. Escrevo porque são tantas idéias em minha mente que eu explodiria, no mínimo, se não colocasse tudo para fora em forma de palavras. Mas não tenho uma causa, não tenho nada a defender. O descontentamento dela a torna brilhante, e a invejo por isso. Não queria ter seus problemas, suas angústias. Mas devo confessar que defender uma causa e saber que está fazendo o que deveria ser feito é uma honra e tanto.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Fluido que evapora

Da boca, o prenúncio. A vida, os sonhos, todas as ilusões premeditadas, os sorrisos forjados, os poemas mal escritos, as cartas amareladas pelo tempo. Ser ou não ser, a questão é ser e deixar de ser, porque quando nunca se foi, não se sente ausência, só impotência. Melhor isso do que nada sentir, e eu deixo o dia correr, como um fluido tão leve que evapora, mergulho nessa essência fora de hora, me prendo na sua ausência, me curvo para o mundo - é hora.

domingo, 1 de abril de 2012

Ir e voltar



 Eu queria controlar meus impulsos auto-destrutivos. Queria ter certeza de tantas coisas, queria ir para o futuro só para ver como serei, e voltar em um piscar de olhos. Quero o impossível tantas vezes, mas o nome disso é sonhar. O problema é que nem sempre consigo distinguir o que é sonho da realidade. Tantas vezes...