quarta-feira, 21 de maio de 2014

Possibil(idade)

Um sim
à palavra esquecida
à lembrança recontada
à foto perdida no fundo da gaveta
ao poema não lido
à carta não escrita
aos nãos recebidos

Um viva
às intempéries
aos desvios de rota
aos carros enguiçados
aos ônibus perdidos
aos livros deixados num mercado qualquer
Um lamento
àquilo que nunca foi dito
ao que nunca pertenceu - presente!
ao futuro do pretérito
poderia
às possibilidades - um brinde!

domingo, 11 de maio de 2014

 O clichê me pegou assim, de jeito. Num compasso gosto de ser embalada. Eu me permiti. Me permiti o ridículo das palavras comuns e não previsíveis vindo do meu ser - me surpreendi com meu eu em expansão constante, delineando ondas na ponta da língua, em uma ressaca desfeita de orgulho apagado. Se eu fui hoje não importa mais, estou sendo. Sendo. Gerúndio necessário, ação de verdade, ilusão de ótica. Palavras mistas. Místicas. Cortinas de nuvens e gestos e tempos e dimensões. Não sou, estou sendo, disse. E me vi tão pequena no meio de tudo, tudo aquilo criado e ali o estalo foi dado: sou barro, massa de modelar de éter. Sou moldável ser num mundo plástico. Sou oposição. Sou confusão. Eco. Sou dois olhos fechados. Entrega. Entregando. 

Desenraizamento

Gosto do efêmero
na boca, um estalo
estridente
que cala os sentidos
que os desperta
o silêncio potencializa o barulho
e o barulho morre no começo



Desgosto do gosto enraizado

nas raízes, um apelo

um apego
um sossego
conforto de quem vive na linha
reta
e morre num sorriso
igual

O permanente é incerto
o incerto me embala
e me diz o que deixar em aberto
mais silêncio
sereno
um pouco menos
possuído