domingo, 13 de março de 2016

Enquanto o mundo explode lá fora
Aqui dentro as linhas sacodem
Oscilam entre pensamentos
De estar onde não se está
De querer o que não se tem
De dizer o que não se diz
Não é insatisfação
É sonho
E o sonho aqui dentro existe
No reino da distância

terça-feira, 8 de março de 2016

Vivo em espirais de café quente
em livros que cabem em estantes
comportados em minhas mãos pequenas
entregues em páginas abertas
vivo das histórias que nunca li
nunca ouvi
vivo de imagens criadas na noite
noite quente e febril

No final das contas
acho que sou apenas
alimentada de sensações
recordações inventadas
dependência da ficção

respiro fundo e em calmaria
quando em uma tarde posso
cruzar com um livro na sala
lê-lo
devorá-lo
como se fosse pequeno biscoito
amanteigado
confeitado de estrelas

Agora parei num bar
não um bar qualquer
um bar inventado
aqui na minha memória
daquilo que nunca foi
beberico uma cerveja preta
dou três ou dois sorrisos amarelos
converso com a vendedora de vasos de flores
não compro nada
apenas conto
alguma outra história inventada

segunda-feira, 7 de março de 2016

O inadiável é substancial
O obrigatório é uma nuvem bem carregada
De pesares
Pesado
Pendulares
Que vão e voltam
Voltam e vão
Num ciclo de erosão
No âmago