domingo, 14 de fevereiro de 2016

A sete palmos daquilo que se esquece com o tempo: nós mesmos

Empurro a porta pesada
madeira velha
madeira suja de terra
madeira esquecida
Empurro com ela meu corpo decomposto
decomposto pela vida
decomposto pela expectativa
decomposto pelo tempo
Empurro também os sonhos com a barriga
cansei de adiar
cansei de tardar
cansei de anular 
tudo aquilo que nunca fui
e serei


Par(T)ir

Pulsante
O sangue se contrai em espasmos
Das possibilidades
De não ser

Um corpo
Uma prisão
Uma potência
Castrada pelos sonhos
Alheios a quem quer que seja

Do ventre
Gerar a não existência
Resumir-se em dois
Pra esquecer-se enfim

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Ficção do não entender

Dessa vida eu levo
Os barcos mansos que flutuam
Sobre os barcos agitados
Levo as ondas efêmeras
Que ondulam no pêndulo da língua
Escassa de linearidade
Levo os olhares
Turvos
Levo os peixes
Mortos
Levo a batalha de existir
Em todos
Em mim
Na ponta do lápis