sábado, 31 de dezembro de 2011

Dos copos cheios


Mais um ano que escapa pelas nossas mãos, mas que fica na memória. Clichê, mas cheio de verdade, porque um ano que se passa não significa um ano a menos, e sim um ano a mais de vida. É como a história do copo: ele está "meio cheio" ou "meio vazio"? O que importa mesmo são as pessoas que você vai cultivar, são os sonhos que você realizou, as metas que você vai tentar tornar realidade (mesmo que você as esqueça pelo caminho). Motivar-se é essencial, e é melhor do que estabelecer metas efêmeras, ou frustrantes. Um passo de cada vez, você mais um ano pela frente. Mais um ano cheio de vida, de surpresas boas, de saúde. Respire agora e sinta como é bom estar...Vivo.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Risadas de inconsciência



Respirei aquele ar úmido e gelado, caminhei aos poucos, peguei o casaco que estava jogado no chão, fiz um café. Lembrei daqueles tempos onde eu me sentia livre e parecia tudo errado, tudo fora do lugar, tudo correto e misturado com as mais puras risadas de inconsciência. Então vi todos os rostos dentro da xícara de café e respirei mais fundo ainda. Ainda não estou congelada, pensei. E continuei minha jornada de espera, de entusiasmo e algumas vezes de falta. Nesses tempos mais frios, eu sinto falta de adrenalina, de segredos. Tudo está muito transparente, eu estou com letreiros na testa, pedindo para ficar um momento sozinha. E ninguém escuta, mas dentro, bem no âmago, estou mais só do que se eu pudesse ficar realmente. Não é triste, é momentâneo. Saio e entro no transe assim que der vontade, assim que puder. 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Quero paz

 

Eu tento ficar no meu canto, cuidando de mim, e num ritmo de impaciência vem o vento bater na porta a me incomodar. Eu desisto de ler e coloco o livro ao lado da cama pacientemente. O vento bate, e dessa vez abre a porta e faz barulho sem pedir licença, e eu olho para cima na tentativa de manter a calma, de ficar tranquila, de manter a respiração intacta. O por quê de você entrar assim na minha vida sem ter sido chamado, eu não sei. Só peço que me deixe calma, que me deixe livre, que me deixe em paz. Guarde suas ululações para alguém que precise te escutar durante à noite. Eu estou bem, obrigada. 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Das brisas

  
  Seus olhos se espremiam como duas pequenas jabuticabas, derramando um suco tão límpido e brilhante como as ondas do mar. Ela chorava, sorria, movia rapidamente cada músculo de seu singelo rosto, com as feições ora  retesadas, ora tão pacíficas quanto os pássaros cor de estrela que por ali moravam. Dos seus lábios saíam as palavras mais doces, capazes de acalmar até o mais inquieto dos homens, e suas mãos robustas e delicadas exalavam um perfume de frescor, o cheiro de férias que cada criança sabe reconhecer de longe. Ela não queria presentes de Natal como todos os que a rodeavam, apenas uma brisa fresca em sua nuca, lembrando-a de que o verão estava por vir, e com ele as rosas, as borboletas e as alegrias de momentos de paz. Era o suficiente ter uma árvore com uma copa grande o suficiente para dar-lhe sombra, ventos leves, um suco de goiaba e um livro na mão, para mergulhar intensamente nos mais vastos e misteriosos oceanos. Dentro dos livros ela encontrava o frescor que precisava - era feliz. 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sinfonia perpétua de uma noite de verão



 Foi com tanta intimidade que ele a olhara naquela noite. Tudo poderia acontecer, pensou. E nada mais importava, além da ululação dos ventos, que vinham por trás, permitindo que seus cabelos agissem como malabares infinitos, como ondas cósmicas ao dançarem rebeldes por seus lábios cor de escarlate. Ela pressentiu, e subitamente tornou a olhar para trás, notando um sorriso em seus lábios, algo tão natural como sua respiração acelerada pelo desconhecido. Manteve o passo apressado, desejando intimamente que ele a alcançasse, e sutilmente a convidasse para um mergulho. A água estava tão mansa quanto seu olhar, tão profunda quanto seu ser, que a cada minuto se preenchia de curiosidade e candura. Era como se ele emanasse um aroma mais entorpecente que uma noite de verão, era poesia, pura e datilografada em caracteres silenciosos. Era ele e ela, a sós, em uma sinfonia perpétua de encontros e perdas. Era a vida esculpida com a erosão dos sonhos, aqueles que jamais a abandonariam. E ela, passo a passo, caminhou, sentindo cada grão de areia acarinhar sua pele fina e alva, e mergulhou em um êxtase de sensações, sendo levada pela vida. Foi, e não se arrepende, pois antes disso teve seu momento de mais pura alegria: fora amada. 

Pressa, com licença


  Gosto desse quarto bagunçado, demonstrando o excesso de tempo que tenho para deixar minhas energias e alegrias fluirem pouco a pouco, sem pressa, sem pressão. Posso sentir o cheiro de brisa fresca infiltrando-se em meu cerne, em minha carne, em minhas esperanças mais intrínsecas e perpétuas - até que elas se concretizem. Vou usar e abusar dos verbos de ação, e com eles construir meu futuro lentamente, como se constrói uma vida. Vou jogar tudo para fora do armário e experimentar as mais inusitadas sinestesias ao tocar tecidos, ao cheirar sonhos, ao me entregar ao monstro lúdico da renovação. E renovar é a palavra chave para que gotas de orvalho caiam sem deixar que a chuva nos encharque, tudo muito sutil, tudo muito leve, tudo muito meu.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Quem me navega é o mar




  No silêncio do quarto quem manuseia o timoneiro da vida somos nós, sem titubear, algo quase estável. Agora, no mar, do lado de fora das cortinas, a vida mostra que realmente não tem cabelos que possamos agarrar para superar o medo - o que nos faz descobrir que ao crescer, retira-se os corrimãos da estabilidade e quanto mais a buscamos, mais a perdemos, e leva tempo para catar o fio em meio a tanta confusão. É esse o cerne de tudo: é preciso aprender a ser navegada pelo mar, não por nós o tempo todo. É preciso deixar um pouco os sentimentos que cegam de lado e aprender a lidar com todo tipo de situação, é preciso saber responder às perguntas de trás para frente, do meio para trás, de lado, de ponta-cabeça.