Introspecção fatídica incorporada à saudade
Confesso e sinto
saudade de quem fui um dia
ainda existo eu em mim?
Meus dedos passando pelas folhas dos livros
incessantemente interessados
jazz ao fundo
um Coltrane para variar
um conhaque para fingir
porque sequer toco nele
Sabe, minha existente é um eterno
colocar a bebida ao lado e não bebê-la
é um eterno negar que se sente tanto
tanto ao ponto de chorar de tanto sentir
Fui esfriando com o passar do tempo
Onde eu me perdi, então?
Fui escondendo com o passar do tempo
e se eu pudesse, diria
- não se esconda
porque se perder acontece
Hoje eu choro menos
sinto menos, talvez
tenho medo do despertar
e despertar tão forte
que sentir será transbordar
e nada nem ninguém
poderá me recolher em líquido comportado
num pote, numa garrafa
não conseguirão me absorver
nas folhas de jornal