Dia de não-domingo.

  

  Não sei fingir sentimentos. Minha feição logo se transforma, dependendo do meu momento. Agora estou cansada de tantas coisas. Muitos me dizem que não tenho motivos para reclamar...E não tenho. E por que agora reclamo? Por qual motivo meu coração anda tão apertado? Não sei lhe responder, meu amigo. A verdade é que eu preciso gritar. Mas bem alto mesmo, sabe? Quem sabe assim as impurezas vão embora e deixam a felicidade se instalar aqui no meu peito? Tenho tantas idéias boas, tantas vontades incríveis. Vontades...acho que é essa a palavra que dá esse nó na minha garganta. Ter vontade e não poder. Dependo de outras de detalhes pertencentes a outrem. E isso é algo que me atormenta noite e dia. Queria poder sair agora, as ruas iluminadas com pontos de luz estratégicos...Quero sentir medo, euforia, emoção, quero sentir algo. Sinto minha expressão tão apática. Sem rumo. Não sinto nada, entendes? E no fundo tenho medo dessa sensação. Porque ninguém quer ser um vazio sem fim. Porque se continuar assim, vou me transformar em um poço, fundo e calado. E de profundo já basta meu cerne e o oceano. Sei que dessa maneira afasto as pessoas. Mas não sei como burlar um sorriso. Não sei interpretar. Não sei ser ninguém além de mim mesma. Mas as idéias simplesmente não fluem do jeito que quero. Acho que me cobro demais, do jeito errado. Quero fugir desse lugar. Quero apagar tudo que já aconteceu, seja bom ou ruim, e recomeçar. Não é tão tarde assim, ou é? Por que não me respondes?

  Esse texto mais me complica do que explica. Não obtive respostas, mas descobri minhas perguntas. E a realidade é que não quero mais ler isso. Me enoja saber que um dia pensei em apagar meus sonhos, minha realidade, meu passado. Mas, uma vez, me deixa ser alguém além de mim, por um dia? Sei...Estou exigindo muito. Será que após dormir me sentirei melhor? A desculpa de que o ser humano é insatisfeito por natureza não me satisfaz...Por que será? O principal conflito comigo mesma sempre vai ser a pergunta que me faço quase todo dia...Porque quando não me faço, é domingo.