sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sobre sonhos.

  
        
  Enquanto olhava para o céu lotado de estrelas que brilhavam no escuro, Clarice conversava com sua mãe, que fazia pequenas e frouxas tranças em seus cabelos, sem prestar muita atenção. Ouviu-se um estrondo altíssimo, e automaticamente sua mãe, Alva, puxou uma mecha com um pouco de força, fazendo com que a pequenina garota desse um resmungo de descontentamento. Entre risadas e reclamações, a mãe lhe questionou sobre seus sonhos, e espertamente a menina, como se buscasse as palavras flutuando no ar, retrucou:


  - De sonhos, nada sei. Sei do que é possível no momento, não planejo, apenas vejo, e sinto o que está ao meu alcance. Não que os sonhos sejam bobeiras, mas de tanto sonhar eu deixo de me empenhar em realizá-los, e aí está o equívoco. Mas mamãe, não seja radical e não desista de tentar. Só não se prenda à imaginação sem propósitos todo o tempo. Viva.

    Espantada e surpresa com a resposta de uma criança de apenas sete anos, a mãe, orgulhosa, retirou-se do quarto e respirou fundo de satisfação. Admirou as estrelas novamente e pensou. Dormiu com a certeza de ter feito seu trabalho por aquela noite.

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