domingo, 9 de dezembro de 2012

Com açúcar, com afeto: uma releitura do cotidiano


 Minha boca acordou seca, meus olhos brilhando, meu corpo suado, seus braços ao redor do meu eu febril e dolorido pela semana cansativa. Eu sorri ao notar que aquilo não era ilusão, não era um devaneio de fim de manhã, uma ressaca mental ou uma confusão tardia dos sonhos antigos e impenetráveis. Eu sorri sim, sem dúvida, sem aperto no coração, sem peso nas costas, meu bem. Eu quis largar aquelas amarras que nos prendiam em nós mesmo - corríamos em volta dos nossos próprios rabos, em uma desenfreada loucura cotidiana e cansativa. Não nos cansamos de tentar, enfim. Mas eu cansei de tudo aquilo que era só alimento pro meu próprio ego insaciável , cansei de te colocar na minha prateleira de vidro, de te ver como algo permanente, como algo só meu; eu quero ter a oportunidade de te cativar, mon petit prince, de encher esses olhos de brisas e de fogueiras, de sustentar seu corpo com o meu zelo, de carregar comigo um pedaço desse seu cerne incrustado de pequenos detalhes que tiram meu fôlego. Agora eu tenho você, e na incerteza desses dias ondulados feito mar revolto e morno eu me atiro - pra me tornar essa imensidão chamada nós mais uma vez.

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