sábado, 20 de julho de 2013

I've created my own prison

O cheiro que está na minha parede não sai. Seu chinelo jogado no armário continua ali, escondido das minhas vistas, é o certo. Sua foto ainda permanece na minha estante, e por quê? A toalha que você usou ontem ainda está pendurada no varal, e ainda tem o formato do seu corpo. Por que?, você me perguntou. Desculpa se não tenho a resposta. Desculpa se nossas possibilidades se esvaíram e rolaram feito lágrimas tardias ralo abaixo. Minhas mãos ainda estão arqueadas, no formato que permite o encaixe das suas ali. Dói, mas silenciosamente. É uma dor necessária. Se eu virei as costas e te deixei seguir seu caminho não foi por puro altruísmo, nem por puro egoísmo, é que não dava mais para conviver comigo mesma e com minhas dúvidas. Preferi ir embora enquanto ainda havia sorriso, enquanto havia desejo, enquanto havia amor. E ainda há. Não importa o quanto eu diga que ergui minha cabeça, porque eu vou seguir com ela levantada, mesmo que as lágrimas pesem e algumas vezes eu precise abaixá-la para secá-las. Vai doer, meu bem. Vai doer em mim, em você, em nós. Ninguém disse que seria fácil. Ninguém disse que teria volta. Ninguém disse nada, porque tudo entre nós sempre foi tão espontâneo, tão aberto, tão real. Podem julgar de fora, podem dizer o que for...o que tivemos foi sincero. O que tivemos foi amor. E ainda é. Mesmo que não fiquemos juntos nunca mais. Mesmo que...

Um comentário:

  1. Carambolas. Dentro todos os seus textos, este dispara de uma forma incrível.

    " Minhas mãos ainda estão arqueadas, no formato que permite o encaixe das suas ali. "

    Muito bom mesmo Juliana.

    ResponderExcluir