quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Cadência furtada

 As ruelas estreitas eram enfeitadas por casebres multicoloridos e colados uns aos outros. O que dava forma e graça ao ambiente era a não linearidade das construções, que ondulavam em tamanhos diversos, em subidas e descidas, em ladrilhos descontínuos e telhas fora do lugar. Era um dia de sol escaldante, mas não chegava a doer a vista, já que os olhos estavam blindados de tamanha beleza proveniente da quentura da tarde alaranjada. Enquanto nossas peles se desfaziam em lamúrias e sussurros ao pé do ouvido, nossos pés oscilavam entre o longe e o perto, em movimentos desestruturados e cadentes, em uma melodia transcendente, e minha imaginação crepitava ao provocar sismos de arrepios na nuca. Eu me perderia entre os caminhos se fosse para esbarrar no seu calor outra vez. 

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