terça-feira, 30 de março de 2010

It's Not Another Rainy Day.




Sentei por um breve momento – que de tão breve me fez continuar ali o resto da tarde. Cruzei minhas pernas de maneira que elas pareceram-se com um “x” desproporcional. Respirei bem fundo e decidi sair dali por algum tempo. 
Pus minha língua para fora na tentativa de pegar a chuva e guardá-la para sempre em meu corpo. Tentei rodar e deixar que ela fosse absorvida por minha pele, por meus cabelos, por minha alma. Deixei que ela lavasse todas minhas dúvidas internas, todas minhas incertezas externas, todo meu legado de dor. Tentei abraçá-la, tentei tocá-la, tentei guardá-la para outra hora;  naquela chuva não tive medo de pegar um resfriado qualquer. Nada importava. Só o barulho de meus sapatos encharcados na estradinha de terra, de minha respiração ofegante, de minhas células borbulhando de vivacidade. A gratificação de ter sido recompensada por algo tão inesperado em um dia rotineiro fez com que minha vontade de viver se tornasse maior pouco a pouco. E então, um grito de felicidade e ansiedade ecoou em toda a cidade.

Quando decidi que era hora de voltar à minha realidade – que por algumas horas se tornou tão surreal e distante, abri meus olhos vagarosamente, deixando gradativamente de ser tão pesados conforme me levantava da grama macia. 

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