sábado, 27 de novembro de 2010

This Is Not The Way It Used To Be, My Dear.

  


   Quando o calor diminuia, e todos buscavam algo para aquecer-lhes o cerne, Clarice ria para confortar-se. Não ria sozinha, sempre buscava proteção nos risos alheios também. Seu irmão, a quem tanto amava, sempre fazia parte de suas rodas de risadas intermináveis e gostosas. Ele não lidava muito bem com as palavras, tampouco sabia expressar sentimentos com gestos. Isso fazia com que muitas vezes deixasse de viver e de realizar seus maiores desejos. E sua maior vontade no momento era envolver quem mais amava nos braços, sem soltá-la jamais. Mas faltava-lhe coragem. Faltava atitude. Então Clarice resolveu aconselhá-lo:
  - Se quer mostrar que a ama e não possui palavras, pense com o coração. No meio da tarde, no horário menos esperado, ligue para dizer que está com saudades. Apareça no meio da semana na porta de sua casa e roube-lhe um beijo de tirar-lhe o fôlego. Compre uma rosa e diga que assim como ela, a rosa é simplesmente o símbolo da perfeição...E o fato de não ser um buquê mostra sua exclusividade, assim como ela. Leve-a para ver o por do Sol pelo menos duas vezes ao mês, ande de mãos dadas, não a solte jamais. Quando estiver na rua com os amigos, dê notícias – ela perceberá o quão importante é, mesmo quando estiver acompanhado. Não seja distraído, pois cada pequena mágoa se juntará, fazendo com que seu amor se desgaste aos poucos, até que suma. Escreva uma carta, fale tudo que pensa, até o que tem vergonha de revelar. Faça sacrifícios, mesmo que pareça impossível, com um jeito tudo será perfeito. Leve-a para jantar, abra a porta do carro, puxe a cadeira. Seja sutil, faça surpresas, pois o amor é assim mesmo: só se percebe aos poucos. E cuide dele como se guarda uma vida – pois um sentimento assim vale mais do que qualquer coisa no mundo.  Se é para amar, que ame direito. 

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