domingo, 14 de novembro de 2010

Believe in Life.


O dia estava lindo quando abri as janelas bem cedo. Gérberas rosas, vermelhas e amarelas tingiam meu dia com cores de começo. Pus meus chinelos e saí de casa, arrumando meus cabelos com os dedos, sem me preocupar em olhar-me no espelho. Tantas pessoas àquela hora, umas iam, outras vinham em minha direção, porém nenhuma dirigiu-me a palavra. Parei um tempo para sentar em um banco de madeira, ao lado de uma senhora miúda, que mexia nas próprias mãos, como se estivesse fazendo uma tarefa muito complicada. Achei engraçada a cena, ri baixinho. Ela me olhou com uma expressão apática, com olhos azuis serenos, cabelos pintados de louro-claro, de uma angelicalidade fora do comum. Deve ter sido bonita quando mais nova, penso. Ela respirou profundamente e perguntou-me o que eu fazia ali. Respondi-lhe que estava só de passagem, mas com um meneio sutil de sua cabeça negou minha resposta. Disse-me que eu estava sentada sem fazer nada, então não estava só de passagem. Achei interessante a observação, eu não estava realmente de passagem. Eu queria apenas sentir o cheiro de Sol no frio matinal. Engoliu a seco e questionou-me se eu era casada. Disse-lhe que não. Pois não acreditava que duas pessoas pudessem durar para sempre felizes, juntas, sem problemas. Ela retrucou que eu nunca havia amado de verdade, por isso dizia isso. Falou que quando encontramos o amor sabemos que ele será mais forte que qualquer problema, mais resistente que as estações. Fiquei sem ação, calando minha boca. Ela não cansava de perguntar, e dessa vez queria saber no que eu acreditava. Se eu acreditava em Deus, se eu acreditava em forças maiores, se eu acreditava no poder do Cosmos. Respondi-lhe com convicção de que eu acredito primeiramente em mim. Acredito na verdade, nas pessoas; no amor, na fidelidade, na perseverança, no esforço, na vontade. Acredito no Sol, no mar, na responsabilidade, na sabedoria, na inteligência, na beleza, nos beijos apaixonados. Dessa vez quem calou a voz foi a senhora, que ficou sem resposta, pois no fundo acreditava no mesmo que eu. Nas coisas possíveis, táteis. Não no sobrenatural, no que se é referido como "superior", no fantástico. Acreditamos na vida, ora. E agora pergunto eu a você: Com tanto que já temos ao redor, precisa de mais algo?

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