Tenho medo do que é perfeito. Proporções devidamente simétricas, medidas pensadas, detalhes revirados até que ficassem uniformes como uma camada fina de seda esticada. Perfeição me remete à vazio; a desejos superficiais consumados. Não satisfaz, é finita. A perfeição só possui uma dimensão. Não é como uma nuvem, macia e delicada. Não é possível tocá-la, pois não aceita. Porém, a nuvem admira que sua face de algodão seja acariciada, não agradece, mas também não reclama.
Foi assim que percebi o quão importante e aconchegante é saber que o mundo não é perfeito. Com suas curvas e linhas quebradas, com suas gotas irregulares, suas mãos desproporcionais. O imperfeito me atrai. E gosto do que sinto quando vejo uma onda quebrando no meio da cidade. E de quando uma regra é quebrada.
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