segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sinfonia perpétua de uma noite de verão



 Foi com tanta intimidade que ele a olhara naquela noite. Tudo poderia acontecer, pensou. E nada mais importava, além da ululação dos ventos, que vinham por trás, permitindo que seus cabelos agissem como malabares infinitos, como ondas cósmicas ao dançarem rebeldes por seus lábios cor de escarlate. Ela pressentiu, e subitamente tornou a olhar para trás, notando um sorriso em seus lábios, algo tão natural como sua respiração acelerada pelo desconhecido. Manteve o passo apressado, desejando intimamente que ele a alcançasse, e sutilmente a convidasse para um mergulho. A água estava tão mansa quanto seu olhar, tão profunda quanto seu ser, que a cada minuto se preenchia de curiosidade e candura. Era como se ele emanasse um aroma mais entorpecente que uma noite de verão, era poesia, pura e datilografada em caracteres silenciosos. Era ele e ela, a sós, em uma sinfonia perpétua de encontros e perdas. Era a vida esculpida com a erosão dos sonhos, aqueles que jamais a abandonariam. E ela, passo a passo, caminhou, sentindo cada grão de areia acarinhar sua pele fina e alva, e mergulhou em um êxtase de sensações, sendo levada pela vida. Foi, e não se arrepende, pois antes disso teve seu momento de mais pura alegria: fora amada. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário