sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Das brisas

  
  Seus olhos se espremiam como duas pequenas jabuticabas, derramando um suco tão límpido e brilhante como as ondas do mar. Ela chorava, sorria, movia rapidamente cada músculo de seu singelo rosto, com as feições ora  retesadas, ora tão pacíficas quanto os pássaros cor de estrela que por ali moravam. Dos seus lábios saíam as palavras mais doces, capazes de acalmar até o mais inquieto dos homens, e suas mãos robustas e delicadas exalavam um perfume de frescor, o cheiro de férias que cada criança sabe reconhecer de longe. Ela não queria presentes de Natal como todos os que a rodeavam, apenas uma brisa fresca em sua nuca, lembrando-a de que o verão estava por vir, e com ele as rosas, as borboletas e as alegrias de momentos de paz. Era o suficiente ter uma árvore com uma copa grande o suficiente para dar-lhe sombra, ventos leves, um suco de goiaba e um livro na mão, para mergulhar intensamente nos mais vastos e misteriosos oceanos. Dentro dos livros ela encontrava o frescor que precisava - era feliz. 

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