sábado, 7 de abril de 2012

Woeser ,Tibet e propósitos que não tenho

 Hoje eu estava lendo uma reportagem no jornal sobre uma escritora tibetana chamada Woeser. Embora tenha nascido no Tibet, não fala tibetano, mas mandarim. Ela defende a libertação do Tibet, critica a atuação do governo chinês sobre o local, e é contra a imolação praticada por alguns monges "revolucionários" - para ela, a única maneira do Tibet se libertar das garras chinesas seria com o apoio dos tibetanos vivos. Ganhou há pouco o Prêmio Príncipe Claus por causa de seu blog (http://woeser.middle-way.net/) e por suas poesias e romances. Aí eu parei para refletir sobre os motivos que a impulsionaram e a fizeram escrever - para relatar o que acontecia, para expressar o que a aborrecia, e porque ela acredita que um dia tudo isso que é escrito poderá fazer alguma diferença na vida dos que sofrem. Ela tem propósitos nobres, e eu não. Não escrevo porque sofro ou sofri na minha infância, não tive traumas, sequer queixas pertinentes. Escrevo porque são tantas idéias em minha mente que eu explodiria, no mínimo, se não colocasse tudo para fora em forma de palavras. Mas não tenho uma causa, não tenho nada a defender. O descontentamento dela a torna brilhante, e a invejo por isso. Não queria ter seus problemas, suas angústias. Mas devo confessar que defender uma causa e saber que está fazendo o que deveria ser feito é uma honra e tanto.

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