domingo, 18 de novembro de 2012

Contradiz

  Foi um custo acordar hoje e tirar o peso das pálpebras que insistiam em fechar ao balanço do barco cor de céu. Ele sacudia feito melodia, e me levava ora pra lá, ora pra cá, murmurando poesias em meus ouvidos. Eu me sentia meio concha, escondendo algo para que ninguém visse nunca, e nunca tirasse de mim. Eu escondia a sete chaves na minha mente, e agora tudo se mostra. Eu me sentia parte do mar, eu era parte daquilo sim, meu bem, era parte daquela imensidão incontrolável, porque apesar de tudo eu era assim também. Era maré cheia, era maré mansa, era azul, verde e marrom. Era pedra que fura, mão que afaga, olhar caído. Meus olhos não eram de ressaca, embora eu estivesse me sentindo assim, apesar de tudo que havia acontecido antes, e de tudo que iria acontecer. Não quis descontar o pesar na bebida, porque era só sal, era só sal na garganta, era algo insano, e eu bebia mais, e mais. Era era contradição, era roda-viva, era certeza e culpa, era insensatez e felicidade. E nesse balanço das ondas eu fui para a beirada do barco e molhei os pés, na esperança que ele me puxasse pra perto, como num abraço, e molhasse minha alma, e lavasse minhas lágrimas, e me afogasse de tanta paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário