sábado, 17 de novembro de 2012

Desmancha-rotina

  Sentei no tapete e fiquei olhando através da janela a chuva cair. Eram gotas finas, quase transparentes se eu não olhasse para a luz do poste; eram gotas macias, mornas, quase como lágrimas jorrando dos olhos cor de petróleo de quem me encanta. A chuva me remete a você, ao seu jeito de cair devagarinho, seguindo um compasso lento, que aumenta com nossos batimentos cardíacos. Ela me faz lembrar por analogia do seu sorriso que desmancha feito algodão doce numa tarde qualquer, num verão qualquer, num dia rotineiro. Esse seu jeito feito chuva fina quebra a mais severa rotina dessa selva de pedra e aparece sem avisar, sem nuvens pesadas, sem trovoadas e raios, sem dor nos ossos curados, você vem e não diz - só é -  só surge e caminha feito brisa molhada no meu rosto cansado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário