sábado, 15 de março de 2014

No automático - para onde?

 Aceleração em passos titubeantes. Um pé na frente do outro. Levante sutilmente os joelhos e pouse o calcanhar no chão. Isso, muito bem. Agora uma, duas, quinhentas vezes. Continue. É, só continue. Não desista. Falta só mais um pouco. Vire a esquerda. Agora a direita. Sem pensar muito. Vai desistir, é? 
 E fomos levados para o nada, em busca de coisa alguma, preenchidos pela pressa cotidiana, sem fechar os olhos para ouvir os sons que inundam pequenos pedaços de vida, sem respirar as cores, presos em uma redoma de vidro suja de poeira e dor. A pressa. Ah, a pressa! Ela que perfura nossa veia repleta de humanidade, fazendo jorrar conformação cinza, confusão discreta, arrepios superficiais, toques amenos, luzes opacas, céu engarrafado, palavras pela metade. Da vida eu quero a calmaria e a intensidade, mas não o caminhar automático que cega minha sensibilidade. 

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