segunda-feira, 25 de maio de 2015

  Até onde vai o chão quando preciso mensurar todas possibilidades? Até onde eu posso ir sem ser notada? Cada passo a menos é uma renúncia e uma confirmação: não sei lidar com o olhar do outro. Meu egoísmo é devastador, carrega feito onda todos os olhares, as lembranças, as possibilidades, os planos e os sorrisos de canto de boca. O processo de mudança é lento e sozinha é difícil manter uma linearidade (aliás, quando mesmo eu pretendo ser linear?), mas como não prosseguir somente eu mesma se afasto a co-existência alheia? Eu rio, eu choro também ás vezes. Não pense que meu egoísmo me impede de derramar essas lágrimas salgadas e ardentes e insistentes e doloridas. Queimam e repelem meu impulso de ligar para alguém, talvez começar uma conversa sobre algum filme em cartaz que nunca verei porque minha preguiça é tamanha que até ir ao cinema parece uma possibilidade tão distante...eu me distraio? Do que você se distrai quando diz estar se distraindo? Da vida? Dos impulsos? Da indiferença? Desse buraco vazio que só cresce quando se dá conta da insuficiência de todas suas ações que acreditam retardar o tempo, que passam o tempo, que preenchem o tempo, para esperar estar a sete palmos do chão (ou ser pó jogado no mar - que clichê!). Não sei quanto a você - se me dirijo de forma direta e clara, leitor, é porque pura pretensão de crer se lida -, quando está sóbrio, despido de confiança e sem roupas para sair em um sábado à noite qualquer, sem suas máscaras sociais pra enfeitar um cerne inquieto, mas minha angústia se inicia na minha falta de decisão quanto ao que fazer, então me mantenho inerte quando preciso travar uma conversa ou fixar o olhar em outrem. Difícil, treinável, factual. Minha tríade de destruição constrói pontes que despencam com o passar do tempo e me transportam para onde estou agora. Nua, com o cigarro morrendo entre meus lábios, um copo de vodka sobre a mesa marrom, e algum sorriso esboçado no rosto que se mistura às lágrimas insistentes outra vez. Eu choro pela consciência de ser e de não ser capaz de aplacar o peso. Quero ser alma leve, mas o mundo recai sobre mim feito pedra sem graça e me esmaga até que eu possa levantar e outra vez esperar, e esperar, e...

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