sexta-feira, 15 de maio de 2015

Desenformada

 Os símbolos convencionais são como caminhos facilitadores do julgamento precipitado. Em uma mente milhares de pensamentos rodopiam, correm, escalam, percorrem as entranhas mágicas e insuficientemente pequenas de nós mesmos. A sensação de não dar conta de tantas possibilidades deixa os olhos com um brilho diferente de impotência e vastidão - sei bem como é isso. Olho desde a chama do fogão se acendendo até o sol surgindo bem lá de longe e sinto que a luz me atrai. Ela exerce um magnetismo tão intrínseco que me cega não pelo desejo de possuí-la, mas por sentir que nossa semelhança é tão grande que não cabe em mim. Algumas outras vezes sinto que já não pertenço ao mundo e de certa forma não pertenço nem a mim. Caminho leve, sem bolsos e sem pertences pelo fio do abismo que me cerca. Viver é de certa forma um abismo tão lindo que eu não deveria ter medo de cair - eu já não o tenho. Caminho em linhas desconexas e descubro rotas alternativas para chegar a lugar algum que tenha um sorriso bem lá no fim. Eu ainda sinto seu cheiro em mim e ele se espalha por todo meu âmago até não sobrar imagem, somente a sutileza do seu toque arrepiando cada gota do meu ser. Minhas frases viram apenas um amontoado de palavras unidas, eu me controlo para me descontrolar e continuo caminhando para me perder no meio de tanta falta de expectativa. Eu sou o avesso de tudo aquilo que imaginam que eu seja. 

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