domingo, 14 de março de 2010

Death Dance.





Meus olhos se fecham involuntariamente. Meu corpo se move conforme a batida me envolve; mais e mais a cada segundo.Meus pés se arrastam lentamente, como se quisesse sentir um pouco mais de contato com o chão gelado; sinto meu vestido fazendo cócegas em meu tornozelo, meus cabelos caindo por minhas espáduas, soltando do penteado. A cada giro sinto-me mais livre, exalando um perfume suave de maçã verde, que se espalha por cada centímetro do salão. Quando achei que estivesse sozinha, comecei a sentir suas mãos em minha cintura, me guiando a cada passo, a cada onda de som que escapava. Nossos corpos cada vez mais juntos – tão juntos que pude sentir sua respiração quente em minhas orelhas, seu hálito de hortelã, seu coração batendo descompassado. O calor de suas mãos cada vez mais intenso, a cada minuto que a dança continuava. Parecia que nada mais importava. O mundo não tinha significado perto do que eu pude sentir naquele momento de paz, de desespero por ter alguém tão perto de mim. Arrisquei te guiar pelo menos uma vez, e quando vi estava dançando minha própria música. A melodia da minha alma. O interlúdio do meu espírito, que se soltava a cada pisada no chão. Dançamos até o dia amanhecer. E agora podemos afirmar, com total destreza que vivemos... Quero dizer, ficamos felizes para sempre. Depois daquela noite, viver não conseguiu ser o suficiente para acompanhar tantas noites embaladas no som de nossa respiração, no som de nosso âmago desesperado por ficar junto, no gosto do sangue que corria em nossas veias, embebidos no doce vinho da eternidade; na batida da música da nossa morte; no nascimento de uma nova vida. A vida nos unirá para sempre. Literalmente.

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