quarta-feira, 7 de abril de 2010

Always Who I Wanted To Be.


Acordou como se houvesse levado uma pancada na cabeça. Tocou-a e a tentação de voltar para debaixo das cobertas era maior que tudo. Mas ele resistiu, esgueirando-se pelas beiradas da cama, arrastando-se pelos corredores, como um réptil. Olhou-se mais algumas vezes, para ter a certeza de que aquela face pertencia a ele. Riu, embriagado com sua imagem desgastada, inconveniente. Suas gargalhadas não eram nada sutis - tanto que as poucas crianças que passavam pela rua assustaram-se. A repulsa que provocava em todos os móveis da casa se transformava aos poucos em passatempo. Sentia prazer, sentia-se completo a cada olhadela em seu reflexo. Nada mais importava. Nada além de sua aparência medonha, fétida. Escondeu-se em seu casulo por vontade própria, não por medo do que pensariam, do que falariam. Queria ele para ele mesmo, e só. E as vozes da sua consciência sussurravam:  "Criamos então um monstro."

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