terça-feira, 6 de abril de 2010

Meet Me Half Way.



 Gosto do vento que vem e não continua. Da pele escondida, da voz desafinada; do dia nublado, do livro torto em cima da mesa, do açúcar que cai em excesso na xícara de chá. Gosto de quando a chuva corre de lado, quando não molham meus sapatos, quando me dão um sorriso desajeitado, sem saber sequer o que falar. Gosto da sutileza do inacabado, das linhas tortas imaginárias, do colorido não uniforme. Prefiro o improvisado, ou até mesmo o pensado que deu errado. Gosto da luz que acaba quando me convém, do borrão da caneta que mesmo sem desejar unificou meu desenho; gosto de quando algo que não espero me acontece. Gosto também da luz fraca da lâmpada quente... Não mais que da luz de velas; gosto das flores furtadas do jardim de alguém.

  O inesperado me acalenta. A surpresa me alimenta. O dia que não chegou me espera calado, escondido atrás de um jacarandá antigo. Pulando entre as estrelas infinitas. Aquelas que também me esperam. Para que eu possa me confortar, e apenas esperar mais de perto o dia que provavelmente não virá.

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