quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Amou daquela vez como se fosse a última.



  Tirou o cigarro da boca, jogou pela janela do décimo terceiro andar e procurou pela camisa do namorado que ia até a metade de suas coxas. Comeu uma fruta, bebeu água gelada, molhando grande extensão da roupa, deixando-a parcialmente transparente. Mal dormira aquela noite devido ao barulho alto que vinha do apartamento de cima, eram batidas compassadas e com ritmo de samba - lembrava o barulho de um coração que morria de amor, coração melancólico batendo. Dois dias e sua resistência e sua resiliência foram para bem longe, nem uma mula aguentaria tantas noites viradas -além disso, uma mula não trabalhava, e seu trabalho parara na metade. Subiu para tirar satisfações e resgatar seu sono, sustentar seus sonhos, ficar em paz como antes ficava. Subiu as escadas, a garrafa de cerveja importada na mão, os passos pesados e decididos. A porta a poucos centímetros agora dava lugar a uma imagem de despertar fantasias ocultas, tão esquecidas que titubeou. Se a vida era arriscar, arriscaria. Se aquilo seria amar, amaria. Se precisasse se entregar, daria sua alma e mergulharia no oceano de seus devaneios, ínfimo como uma formiga, infinito como o Cosmos que os cercava. Um olhar, aproximou. O calor lhe calou e calou de verdade. Um beijo como realidade. Explosões, uma ilusão, um defeito, aproximação e luz. Construção.


"Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único"

Um comentário:

  1. Amor tem todo esse tom de exagero e complexidade né ?! Que bom que seja assim , deixa tudo ainda mais bonito .
    Uma delicia teu texto .
    Beijos querida .

    ResponderExcluir