terça-feira, 13 de agosto de 2013

Esquinas

 Lágrimas se penduram em meus olhos quando a noite cai, enquanto uma batida se mistura ao meu ritmo lento e me aquece por dentro, fazendo com que o fogo se alastre e queime tudo em uma explosão de saudade. Essas ruas vazias me levam pra longe, pra um tempo em que as coisas se resumiam em um mar de sorrisos, lençóis imaginários, mãos entrelaçadas, segredos pelos corredores sozinhos da vida. Fugir é esconder um amor que não cessa. Amar é fugir daquilo que cessa e se afunda. Sentei naquele sofá que de tão antigo ficou bege e peguei a palheta preta em cima da mesa. A luz das velas tremeluzia pelo vento que vinha da janela escancarada, aberta só pra você poder entrar, caso passe por perto, ao lembrar do meu sorriso feito pra você. Olhei para frente, imersa em minhas lembranças, que pareciam projetadas na parede amarela. Forcei a atenção para captar seus detalhes desfeitos no tempo, forcei a mente pra esquecer minha cabeça no seu ombro, sentindo seu cheiro camaleônico. Forcei a vida a te esquecer na esquina dos meus sonhos. Eu não fui capaz...

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