sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Cachoeira

 Dedos percorrem as cordas do violão em seu colo, enquanto filetes de água cascateiam por meus ombros desnudos e pintados pelo sol da manhã. O que vejo é mais do que minhas palavras arbitrárias poderiam transmitir, é a vida em movimento, a arte em vida, o movimento é arte. Entre notas sibiladas e sorrisos de desconcerto eu me refaço em espirais de paz. Minha vontade de descobrir o mundo é mais forte que os pés que me mantém presa ao chão, o cheiro de terra batida inunda meus sentidos e me tira o fôlego. A vida está aí, batendo na porta, esperando um sinal de mala arrumada para fugir do que não pertence a mim. A natureza se abre para mais um espetáculo. O vento ulula longe e as horas passam sem serem notadas. Não há mais tempo, nem espaço, nem corpos. Há sinestesia. 

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