terça-feira, 17 de junho de 2014

 Sem nome. Ela não poderia ser nomeada naquele vendaval de silêncio e impossibilidade. Seu grito transbordava por seus poros e cascateava em forma de suplício. Nada era preciso, sequer a força de uma palavra. Era a força bruta, o enrolar e desenrolar de olhares no ar que bastava. Bastava? Insaciável era ondular espirais de cheiros e vontades no ambiente. Janelas abertas, livros, torneiras e ouvidos, mas os olhos se mantiveram fechados por pura apreciação dos outros sentidos, por pura experimentação de manter o toque apenas toque e o cheiro apenas percepção no meio daquele turbilhão de clichês e repetições insaciáveis. Dentes, unhas, o roçar de peles quentes ardia, queimava, desenhava marcas ubíquas e permanentemente solitárias. Seu olhar fixo no vidro sujo da janela se esvaía em poeira e já não estava mais ali. Nunca esteve. Ritual de contemplação comum. Um não no sim convencional. Pena. 

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